De acordo com cientistas a pedra solar viking realmente existia.

Imagem do primeiro episódio da série Vikings do History Channel, onde o personagem Ragnar demonstra para o seu irmão, Rollo, como a pedra solar funcionaria durante a navegação.
Tradução e adaptação: Equipe Mare Nostrum
Fonte: Independent.co.uk

Durante séculos, um cristal esteve "preso" a lendas nos versos de mitos nórdicos com pouca ou nenhuma evidência de que de fato era real. Agora parece que os cientistas finalmente tem motivos para acreditar que o "sunstone" viking utilizada para navegar pelos mares de fato existiu.

Os pesquisadores que passaram três anos debruçados sobre um "cristal nublado" descoberto no naufrágio de um navio elisabetano afundado ao largo das Ilhas do Canal acreditam que podem provar que ele poderia ser a substância descrita pelos nórdicos que ajudava a localizar o sol quando o mesmo era encoberto por uma nuvem.

A chamada "sunstone" ou "pedra solar" tem sido um assunto que intriga cientistas depois que foi descrito em uma saga islandesa como uma joia mágica que, quando levantada para o céu, revelaria a posição do sol, mesmo antes do amanhecer ou depois que ele havia se posto.

Tal ajuda à navegação poderia ser um dos segredos por trás da reputação dos vikings como navegadores notáveis cuja destreza na posição em águas inexploradas significa que eles podem ter "vencido" Cristóvão Colombo no quesito de serem  os primeiros visitantes europeus à América por centenas de anos.

Os cientistas com base na Universidade de Rennes, na Bretanha têm estudado o cristal em forma de maço de cigarros (como a imagem acima) encontrados a bordo do naufragado navio Alderney e hoje publicam evidências que sugerem que marinheiros da Era Tudor podem ter usado a pedra para navegar praticamente da mesma forma que seus antecessores vikings.

A pedra, uma substância de calcita conhecida como "Iceland Spar", foi encontrada por mergulhadores ao lado de um par de divisores, levando os investigadores a se perguntarem se ele fazia parte do arsenal da embarcação inglesa, que afundou em 1592, cerca de quatro anos após o espanhol Armada.

Não há nenhuma referência a essas pedras sendo usadas por marinheiros Elisabetanos, mas as sagas islandesas descrevem como o rei Viking, Olaf, durante um clima nevado, pediu a um vassalo, Sigur, para apontar para onde o sol estaria. Para verificar a resposta, "o Rei fez buscar a pedra solar e segurou-a para cima e viu a luz irradiada a partir da pedra e, portanto, verificou precisamente a previsão de Sigur".

Apesar das referências literárias, nenhuma sunstone intacta foi encontrada em sítios arqueológicos viking.

Mas após a realização de uma bateria de testes, incluindo uma análise para provar a sua aparência turva devido a séculos de desgaste pela areia do Canal Inglês, a equipe francesa concluiu que os pedaços de Iceland Spar poderiam agir como ajuda para uma navegação extremamente precisa.

Dr. Guy Ropars, escrevendo para a revista Proceedings of the Royal Society, disse: 
"Cristais como o de Alderney realmente poderiam ter sido usados como uma bússola solar óptica bastante precisa como uma ajuda à navegação antiga."
"Eles permitem que o observador acompanhem o azimute do sol, muito abaixo do horizonte com uma precisão tão grande como a de mais ou menos um grau. A evolução dos cristais de Alderney nos dá esperança para a identificação de outros cristais de calcita em viking naufrágios de embarcações vikings, em locais de enterros ou assentamentos."
O princípio por trás da sunstone é a sua propriedade incomum de criar uma dupla refração da luz solar, mesmo quando ela é obscurecida por nuvens ou neblina, o que teria sido comum para os Vikings. Ao girar o cristal contra o olho humano até que a escuridão das duas sombras fossem iguais, a posição do sol poderia ser localizaram com precisão notável, de acordo com os pesquisadores.

É provável que a pedra, que teria fornecido um meio de navegar à luz do dia, muito antes da chegada do compasso magnético, poderia ser calibrada por uma medição em um dia de sol ou utilizando gráficos mostrando a posição do sol em diferentes épocas do ano.

O cristal de Alderney foi provavelmente mais utilizado pelos marinheiros Elisabetanos para aprimorar as suas leituras da bússola ou superar problemáticas causadas por algum instrumento magnético causado pela presença de objetos de ferro de grande porte, como canhão.

Os pesquisadores apontam como motivo para o fracasso em encontrar sunstones intactas, até agora, em locais de sepultamento viking, à prática da cremação, o que teria feito com que os cristais delicados quebrassem. Os primeiros fragmentos de Iceland Spar encontrados em um assentamento Viking se deu no ano de 2012.

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